Não se calam os sentimentos mais profundos. E e deste mar que emergem as lembranças. Lembranças do que não foi dito, e do que não foi feito. Voltamos a passear pelo jardim de rosas saturadas de cor. Um universo disperso entre pássaros e brisas. Eu rodopio, bailarina acelerada num tropeço de amor. Poesia ao caminhar. Notas musicais esvoaçando pela barra do vestido. E se não fomos o que poderíamos ter sido? O que seremos, desde então? Abrem-se braços na espuma do mar. Um peixe salta ao longe. Um estilhaço de prata que borda o mar e corta a água como se fosse uma mensagem do que está por vir. Mas não há futuro, o tempo se condensa numa gota dentro da palma da minha mão. O tempo escorre, evapora. Condensa. A química do amor que se esvai, com o tempo. Imaginário Deus titânico. O céu se enche de azul, um azul possivel, infalivel, cintilante. A ponte de madeira curtida de sal, nao tao sozinha, amansa o calor, perfuma a brisa. Fecho os olhos, os cilios me da...