as paisagens da alma
Não insista, não estou interessada, não quero saber, não gosto, não me importa, não faz diferença.
Definitivamente tudo é uma questão de percepção.
Definitivamente preciso aumentar o número de visitas a minha analista.
Definitivamente preciso voltar a estudar e a fazer exercício.
Mesmo não querendo as flores, ele as deixou sobre a mesa e saiu. Não me disse adeus.
Agora que vejo as malas prontas, agora que sei que vais partir e é concreto, percebo.
Antes eu acreditava no amor, mas agora acredito na solidão.
Acordo muito cedo, ainda está escuro na rua, ainda pode-se ver estrelas, ainda posso ir ver o sol nascer, e reverbera um título para alguma coisa que não sei se é um poema, um conto, um livro, um nada: porque não entro mais no cio.
Volto a dormir e com dificuldade tento não lembrar a noite anterior. Um quadro de Chagall se transformando em um quadro de Hopper.
Iberê na ponta da língua. E minha língua tem um gosto de café e pão, e desejo silente.
Vou tentar organizar uma mostra de arte colombiana. A idéia é usar os painéis de um de meus alunos das aulas de português para criar uma série de contos que vão ser interpretados em voz alta e assim recontar a história da vida do rapaz que aqui vou chamar de Garoto Sanyo.
Um pedacinho de sua biografia conta de suas origens humildes numa cidadezinha na divisa do Brasil com a Colômbia. Suas telas são incríveis desenhos da floresta se mesclando com a cidade e a visão dessa mistura que ele guardou até agora. O uso de poucas cores e a vivacidade de suas lembranças criam painéis únicos e chamativos. Arquiteto de formação, trabalha nas telas nas poucas horas vagas que possui. Ainda guarda o sonho de fazer Belas Artes. Como tantos de nós, queria ter sido uma coisa, e foi outra. E quanto mais passa o tempo, contraditoriamente, nos aproximamos e nos afastamos do queríamos ter sido, nas concomitâncias do que é ser.
Garoto Sanyo tinha apenas três horas de energia elétrica quando criança. Sob a luz do sol criou mais de cinco mil ilustrações. E registrou em seus olhos tanto da floresta, que hoje ele mesmo imprime as fotografias que estão em sua alma.
Imagem: Paisagem Suburbana de Iberê Camargo.
Definitivamente tudo é uma questão de percepção.
Definitivamente preciso aumentar o número de visitas a minha analista.
Definitivamente preciso voltar a estudar e a fazer exercício.
Mesmo não querendo as flores, ele as deixou sobre a mesa e saiu. Não me disse adeus.
Agora que vejo as malas prontas, agora que sei que vais partir e é concreto, percebo.
Antes eu acreditava no amor, mas agora acredito na solidão.
Acordo muito cedo, ainda está escuro na rua, ainda pode-se ver estrelas, ainda posso ir ver o sol nascer, e reverbera um título para alguma coisa que não sei se é um poema, um conto, um livro, um nada: porque não entro mais no cio.
Volto a dormir e com dificuldade tento não lembrar a noite anterior. Um quadro de Chagall se transformando em um quadro de Hopper.
Iberê na ponta da língua. E minha língua tem um gosto de café e pão, e desejo silente.
Vou tentar organizar uma mostra de arte colombiana. A idéia é usar os painéis de um de meus alunos das aulas de português para criar uma série de contos que vão ser interpretados em voz alta e assim recontar a história da vida do rapaz que aqui vou chamar de Garoto Sanyo.
Um pedacinho de sua biografia conta de suas origens humildes numa cidadezinha na divisa do Brasil com a Colômbia. Suas telas são incríveis desenhos da floresta se mesclando com a cidade e a visão dessa mistura que ele guardou até agora. O uso de poucas cores e a vivacidade de suas lembranças criam painéis únicos e chamativos. Arquiteto de formação, trabalha nas telas nas poucas horas vagas que possui. Ainda guarda o sonho de fazer Belas Artes. Como tantos de nós, queria ter sido uma coisa, e foi outra. E quanto mais passa o tempo, contraditoriamente, nos aproximamos e nos afastamos do queríamos ter sido, nas concomitâncias do que é ser.
Garoto Sanyo tinha apenas três horas de energia elétrica quando criança. Sob a luz do sol criou mais de cinco mil ilustrações. E registrou em seus olhos tanto da floresta, que hoje ele mesmo imprime as fotografias que estão em sua alma.
Imagem: Paisagem Suburbana de Iberê Camargo.
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