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Showing posts from February, 2008

Meados de Setembro

Me atropelam idéias, mas passo dias sem escrever. Perco as oportunidades por não saber. Por falta de tempo. Por um desdém que quase não percebo. Difícil me surpreender quando já não há estradas. Apaguei o nosso playlist. E a luz. Já está na hora de dormir. Sim, deveríamos ter aprendido a dizer boa noite antes de nos afogarmos em nossas solidões egoístas que fazem de conta que encontraram algo importante. E eu já não suporto o peso dos falsos-amores e das fal-sas-pro-me-ssas. Estende-me tua mão, mesmo que esteja escuro e sombrio. Quero atravessar contigo para o outro lado e planar se não for possível voar. Mas não quero ficar quieta por causa do frio. Quero tirar a esperança de dentro da caixa. E me deixar ser. Sem que o inferno seja o outro.

Perto de uma casa azul

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Mi Vida

Mi Vida : É a música do Gipsy Kings que mais me emociona. Uma das. Me tira o ar, me faz dançar e me alegra de uma forma sem igual. Foi no Brique que comprei Este Mundo e era na sala da casa grande que eu ensaiava meus passos de alegria. -Nunca más? -Sempre...sempre forte. Sem nunca desistir. Agora É para valer. Não é ensaio. Para ti mãe, que me ensinaste a persistir. E a lutar. E estiveste sempre comigo. En las buenas, y en las malas.

Os reis

Minha mãe e eu fizemos um trato: na primeira oportunidade que tivéssemos iríamos assistir ao Gipsy Kings ao vivo. Que eu lembre, esta seria a primeira oportunidade. O grupo evoca momentos de grande felicidades para nós duas. Alguns desses momentos gravados em vhs na casa de Porto Alegre. Momentos que eu vou reviver este sábado em Boca Raton. Pelo menos em pensamento. Ela vai estar presente de maneira simbólica. E eu vou lembrar dos bons momentos que vivemos por causa da música deles. Me disseram para ir preparada para dançar, chegar cedo e para ir caminhar por perto do anfiteatro...Supostamente, há muito para ver e fazer por essa área. O show tampouco vai ser só nostalgia. É um marco para mim. Marco dos tempos bons que vivo e vou viver. Oy. Y siempre.

Tango

Insetos e chuva alinhados na janela. Tango em todos os recantos da casa e do corpo. Desejo estar em Buenos Aires e caminhar sem rumo. Uno. Visitar o teatro contigo de novo. Conhecer tangueros e sair para as tanguerías para escrever. Documentar. Imigrantes, gente perdida, gente que dança para lembrar e para esquecer: exercício cotidiano de estar vivo. Gotan Project e o trabalho incrível de Pablo Corral Vega . Para sentir e ouvir tango. Sem limites. Melhor que isso só indo a Buenos Aires. Ou reservar Piazzolla para mais tarde. A dois.
Para ler: Strange Fruit. Para ouvir e ver: Na voz de Nina Simone.

Intensa

Para um final de semana intenso, cálido. Um final de semana de entrega. Com toda a força que desconheces, mas que sinto como um furacão. Te espero: completa. Ao som de Lhasa .

Latim

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Amuletu Em algum momento precisei de fé. A fé que não se encontra em igrejas, em palavras de pastores, em missas, santuários, religiões, amuletos. Precisei de uma fé que desconhecia como tal. Nem eu mesma sabia que viria a chamar aquilo de fé. Hoje, quando olho meu passado, nem acredito. Nem acredito que sobrevivi. Hoje, quando reparto pão de casa em casa, me dou conta que há de vir um tempo de bonança para. Um tempo de criar, um tempo de cores e de fé. De mais fé. Uma fé inusitada. Que contraria a idéia intrínseca de fé. Uma fé que só eu conheço e que é segredo. Um segredo azul.

Estrada

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Estrada. Onde tenho estado: há muito.

Segregar

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Eu me pergunto: deixariam-me usar este banheiro? Na capital do estado. No dia em que corri do governador. Inverno de 2005.

Adeus

Não sabia quem era. Dois estranhos. Um multidão entre quatro paredes. Eu era a mistura de tudo que havia vivido até ali. Todas as histórias, todas as perdas e todos os ganhos. Todas as gentes que se haviam misturado até que te encontrei. Tu eras também uma mistura de gentes e de histórias. Números e datas. Parece que em algum momento, nossas multidões ficaram vazias, não mais combinavam, não mais diziam coisa alguma. Eu virei de um lado, e comuniquei tão pouco que o silêncio em teus ouvidos zumbiam tanto quanto o vento deste inverno sem fim. E paramos e pensamos que a amizade podia bastar. O silêncio queria dizer adeus e. Que as nossas pessoas ainda seriam as mesmas. Adormeço agora olhando a lua e seu sorriso de enigma. Fico no sofá perto da noite que é para melhor enxergar o lago que está plácido (espelho, como eu) e pensando no milagre de encontrar.

Lila Downs

Malinche cantada por Lila Downs. Pequeno presente antes da aula. Presente para a alma.

Dentro do Mar

Ele se sentava todos os dias no mesmo lugar. Gostava de rituais domésticos, nos quais tudo girava ao seu redor. Ele dizia que podíamos ir, mas nos dizia quando tínhamos que voltar. Falava com um rigor quase caricato. Gostava de ler o jornal de domingo e discutir política somente quando lhe perguntavam. Todos sabíamos que se sentia isolado. Com ela não havia meios de conversar. Quando ela tinha onze anos, ele a abandonou. A partir desse dia as conversas eram encaminhadas a um outro ente familiar. Ele não a defendia, não verbalmente. Não confiava nela. Ela pensava que ele não mais existia. E não existia mais como figura paterna. Para ela falta de palavras era uma forma de morte agonizante. E desistiu.

Perdas

It's a killer.

Compondo

Espera por mim/quando eu acordar/estender a rede/no quintal. Espera por mim/que estou cantarolando/uma melodia/tuas favoritas sedas/minhas cores de cristal/espero por ti/campo de lavanda/maciez de pele jovem e fresca/um sorriso inesperado/doce cantar de uma voz desconhecida. Aprendes a comunicar/espera por mim. Vamos bailarinar. Sempre aqui. Para Alan, meu sobrinho eleito.

Kaleidoscopic_land

Eu fiz o meu dever de casa. E ainda assim escorreu do canto do olho um esquerdo uma lágrima. Escuta esta música. Quando cheguei em casa havia sobre o tapete uma revista e alguns discos. Sem bilhetes de amor. Lembrei do dia em que sentados na rua, ao anoitecer, tu me dizias que o amor poderia acontecer. E que o amor era simples. Fotografei tua alma. Enquadrei teus sonhos no melhor de minhas lembranças. Tu. Onde foste parar? Não sei se estou diante de algo desconhecido. Estou diante de um cansaço. Escondo o flanco ferido. Me aninho em ti.

Colors of Tolerance

Facts are what reside between you and me. Some facts drag you down. Some answers justify whatever it is that you want to justify. My interpretations of reality collide with yours. Here I stand for what I see as true. On the other side of a Calatrava bridge, you hold your own truth. None of us knows for sure and that’s why we keep moving, burning, smiling, melting. We’re here to learn and expand our souls: kaleidoscopic. Our colors don’t have to mix, there’s space for you and me. For colors that make things brighter, not blurrier.

Quotidiana

Querido Leitor, Por aqui vai tudo bem. Tudo é relativo e bem tão volátil que tenho que ser rápida. Vou tentar dividir minha vida por capítulos, sem ser piegas. Profissionalmente está tudo estável. Vou te poupar das minúcias. Digamos que estou naquele estágio de espera, em que a gente sabe que algo tem que ser feito, mas ainda não está hora. É o momento em que vejo minha presa, a observo, sei de suas fraquezas e me ponho a mentalmente organizar o melhor plano de ataque. Desculpe pela analogia de um animal selvagem. Estou lendo Life of Pi. Daí a influência. Viste como é? Eu te disse. Por isso não quero ler. Quando não tenho a impressão de que me roubam as idéias, tenho a impressão que estou regurgitando o que alguém já escreveu. E depois nem eu vou acreditar em minhas idéias. Como a idéia que eu tinha ou a sensação descrita por Ben Folds Five de não permanecer neste planeta por muito tempo. A idéia, essa sensação é minha. Tenho testemunhas. Não é que eu saiba exatamente pontuar meus text...

Blue

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Segundos

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Pieces

-Why? -Because I am falling for you and you don't even know that. -Why? -Because I see your freedom and I cringe. -Why? -Because it's going to hurt when you leave. -Why? -Because you're important. -Why? -Because I'm worth it. -Why? -Because I want you.

Pequenos paradoxos

Fazer trinta anos e me sentir mais guria do que nunca. Dizer não, entender o porquê, e ainda assim sentir uma leve tristeza por ainda não ter sido desta vez. Estar na melhor fase da sua vida, aprendendo, lutando, crescendo e sentir que ainda falta muito. Ver o copo meio-cheio. Ser uma pessoa engraçada e alegre e escrever sobre as tristezas a tal ponto que as pessoas pensem que sou triste e infeliz. Escrever, mas não ser uma contadora de histórias. Estar sozinha e me sentir bem. No frio e no calor. Gostar da minha companhia tanto que consigo valorizar meu tempo livre e escolher quem vai fazer parte da minha vida. Gostar de alegria das palavras e de entusiasmo, mas prefirir o meu próprio silêncio e pensamentos. Ser uma pessoa reservada, mas deixar que as pessoas conheçam um pouco de mim através de palavras. Não temer. Me achar linda sem maquiagem e de camiseta. Querer voar. Ter muito para contar e deixar que os outros descubram.

PalaVra

Um som palavra

Solidão

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Unicidade seria estar lá. Imagem: National Geographic, Maio 2007.

Carmine bee-eaters

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No meu quarto havia um quadro imenso de uma japonesa caminhando sozinha sob a chuva fria de uma tarde de sábado. Na cozinha uma cafeteira antiga e um refrigerador que fazia barulho quando a porta se fechava. Na sala todas as poltronas mal organizadas e na sacada o vento. Era apenas isso que eu tinha. E sem querer ou suspeitar era refém de tudo aquilo. De todas as memórias que me voltavam quando caminhava no escuro. Quando estava sem ti. Foto de um carmine bee-eater. Tirada do Google.