Si una vez
Eu digo não à poesia de ofício. À obrigação de escrever. Eu digo ao medo monstro, não venhas que para ti não há mais morada em mim. Eu digo com palavras ditas, exploradas, violadas, sinceras, secretas, pensadas, que não há em mim espaço para rezar pedidos. O aprendizado dos dias me afasta de um deus que eu sempre ignorei. Eu digo não aos ofícios, aos compromissos pesados, aos silêncios de temor. Eu digo não e me fecho como um scallop que nada para longe de seu predador. E tu dirás: são apenas palavras. E eu te digo, com a firmeza de quem não pretende saber e ter certezas: palavras são o que me acompanham. Sem elas minha solidão seria ainda maior. Sem elas eu não veria, não enxergaria, nem me doeriam essas dores todas e tantas que agora me assolam. Eu decidi acreditar menos e me sentenciei. Estou só. Renegada.
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