Domingo

Um domingo para sorrir e sentar perto de um rio. Uma estrada para caminhar de pés nus, pisando cascalhos e folhas e areias distantes de tudo que já fomos um dia.
Um domingo de alegria, não uma alegria vazia. Uma alegria mais que contemplativa, mais que carregada de riso bobo, de não-palavras. Um Domingo sem erros ortográficos, cartas na manga, respostas prontas. Um domingo sem prisões, e sem artifícios. Um domingo sem guerras e sem cansaços. Um domingo sem carros, sem tormentas. Um domingo sem preços e sem prateleiras de supermercado. Um domingo sem desculpas, sem recados em secretárias eletrônicas. Um domingo sem lágrimas, sem mãos gélidas e lábios ressecados. Um domingo sem fotos não-inéditas, sem rimas, sem temores. Um domigo sem falar de economia, sem julgar, sem respirar o ar que não é, que não é meu. Um domingo sem restrições, sem perguntas insolentes, sem sorrisos falsos. Sem vertigens, sem tristeza, sem distância. Um domingo sem artimanhas, jeitinhos, camuflagens. Sem aluguel, sem parcelas, sem erros.

Um domingo incandescente.

E

Verdadeiro.

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