Domingo


Sol refletindo no lago, formando imagens de espelhos vermelhos. Me recosto no sofá e te espero. Me pergunto o que fazes. Os esquilos não vieram, tu não vieste. Como será que vou te reconhecer? Vais me dar um sinal? Me exaspero, tudo está em ordem. Estou bem. A espera parece um castigo. Estou cansada de abraçar-te em pensamento. Me fazes falta.

Na sala, Chico canta quase sozinho, eu estou ausente. Eu absorta perto da janela, me desnudo dessa coragem toda que me faz ser feliz sem ti: Contorno com meus dedos teu rosto imaginado, e adivinho um olhar forte.

Rubem Braga: Me entreti demasiado com a espera. Os barquinhos, ou seja o que for que me mandaste fazer, ajudam por algum tempo. Agora quero satisfazer os cinco sentidos.

No mundo ideal: Valsa Brasileira, um vestido longo de baile, um tuxedo, luvas para depois desnudar-nos as mãos, e teu corpo no meu.

A arte pode salvar, pelo menos por algum tempo.
Imagem: Reclining Woman with Green Stockings, 1917 de Egon Schiele.

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