Memento
Title: Memento
Imagem: Janine Rodrigues
Me lembro de ti. Das noites em que vinhas até a minha casa a reconfortarte no abraço de mil mãos. Tinhas um semblante feliz. Um sorriso largo. Um corpo de barco que alcança os ilimitados confins de um mar de entrega. Me lembro de ti tal como o sal das rotas de teu corpo. E teus beijos demorados de lábios róseos e carnudos. Lembro que me trazias as vezes flores, outras vezes sonhos. Quem diria, eu, uma mulher feita, me embalava em ti e na doçura de teus olhos. Neles descobri primeiro um castanho escuro, depois um verde tímido quase mel, era que tinhas olhos cor de figo. Me parecia que quando choravas não vertiam lágrimas. Mas néctar de um figo bem maduro e doce. Porque eram doces teus olhos, como o sumo do figo.
Me esquecia das mortes de outrora, dos medos todos. Da insensatez de amar. Esquecia o frio dos dias de sol de inverno. As penosas despedidas. Os céus de abril. Me esquecia do adeus. E das dificuldades do mundo. Para que pensar no mundo, se o nosso mundo era completo de música. E amor. E paz. E dormíamos abraçados toda a noite e quando nos movíamos era para encontrar uma outra parte de pele que comunicava algo novo. Dormíamos exaustos de incorrer na beleza um do outro. De viver a beleza um do outro. As folhas caíam no jardim. As vezes chovia. O tempo passava. E tu voltavas. Uma e outra vez. As vezes em silêncio, as vezes com ternura. Insandecidos passos em direção ao que chamávamos amor.
Éramos dois pássaros abraçando um único ninho.
Me esquecia das mortes de outrora, dos medos todos. Da insensatez de amar. Esquecia o frio dos dias de sol de inverno. As penosas despedidas. Os céus de abril. Me esquecia do adeus. E das dificuldades do mundo. Para que pensar no mundo, se o nosso mundo era completo de música. E amor. E paz. E dormíamos abraçados toda a noite e quando nos movíamos era para encontrar uma outra parte de pele que comunicava algo novo. Dormíamos exaustos de incorrer na beleza um do outro. De viver a beleza um do outro. As folhas caíam no jardim. As vezes chovia. O tempo passava. E tu voltavas. Uma e outra vez. As vezes em silêncio, as vezes com ternura. Insandecidos passos em direção ao que chamávamos amor.
Éramos dois pássaros abraçando um único ninho.
Comments
Post a Comment