Voladoras

Do alto de uma casa no ar, cronopia escreve. No frio. Depois da chuva, depois de mandar a puta que pariu a teoria do desapego. Desassossegada pelas horas de manhã que virão e que terão ar e peso de compromisso.

Tua tirania me feria. Tua tirania me feriu anos a fio. Tua tirania me persegue no silêncio que eu te imponho.

Da casa azul te abano e me refugio obervando o mar, ouvindo ainda meus gritos de amor, vagos como teu semblante alvo de adeus.

Não, a vida não é um compromisso.

Me comove saber que vocês vão se encontrar.

Minha maior guerra é exercitar meu direito de sentir e de ser livre. Limitada pelo corpo e pelas necessidades que sopram da materialidade que me envolve. De que não sou feita. O material já não. O material é o limite. E os limites me matam.

De fama o único que tenho é a dança de mãos dadas. Os planos, a organização, as medidas práticas são todas um roubo e um afronte. Eu me jogo no mar, sem saber nadar. Para ver o azul, e sentir o gosto do sal.

Que seja um castelo simples, mas que deixe. Na estrada, deixar faz uma diferença enorme. Deixar de ser egoísta, deixar de ser intolerante, deixar de ser. Deixar de lado o ônus de se auto-definir. Deixar alguém nos estender a mão, deixar que alguém entre no momento em que pintamos um quadro novo, em que redescobrimos o ar das manhãs de domingo e as ondas crispadas de mar de inverno. Deixar vento. E sementes amarelas no centro do corpo. Como um girassol.

Imagem: Modigliani.

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