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Showing posts from March, 2008

The Counterfeiters

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Sim, estamos quites. Mano a Mano Imagens: The Counterfeiters.

Millais & Modigliani

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Faz tempo que não escrevo alguma coisa que me agrade. Sento-me no computador e observo o pássaro amarelo que vem todos os dias. Vasculho os arquivos passados e me pergunto: será que fui eu mesma que escrevi tudo isso? Parece tão distante. Tão estranho. Descobri o motivo pelo qual o pássaro amarelo volta: para comer os insetos que ficam repousando na vidraça. De longe, enquanto converso com um estranho ao telefone sobre as desvantagens de ir-se a Espanha por estas épocas de vacas magras e dólar desvalorizado, repouso meu olhar. E então mergulho na vida do esquilo que, no topo da árvore, arranca com voracidade uma flor vermelha longa do galho mais ao alto e a carrega, cambaleante. Não me interessa saber para onde. Deixo de trabalhar. Far Side of the Moon. O que é que realmente fui quando me emprestava `a ti. Roubaram dos símbolos a tal da crase. E de mim aquele sorriso franco que eu mostrava para ti, entre goles de café, caminhadas, e exatidão. Quero muito rever: India Praville. E dentro

Passion & Spring

Um link para viajar no tempo: passion and spring.

Tecer

Tu sabes onde estás? Me doeu deixar-te ir, me disseste eu te escrevo e te foste, com passos rápidos e determinados. Me disseste que a culpa era tua, que eu não me preocupasse, como se isso te isentasse. Foi fácil para ti escapar mais uma vez. Imagino que tenhas feito isso toda tua vida. Mas tenho cá para mim, que quando se escapa é justamente porque se necessita um motivo para ir. Ou seja, não se queria ficar. Quem quer ficar encontra desculpas e razões para pespontar com linha e agulha o tecido nobre de uma união. Quem quer ficar acha que costurar é melhor, embora exija mais tempo, trabalho, esforço do que comprar uma roupa feita com trabalho escravo que vem da China. Eu acredito no trabalho, no que a gente cria com as mãos. Talvez seja porque, e eu adoro encontrar explicações num monólogo mental ininterrupto, foi das mãos da minha vó materna que aprendi a importância que reside no que a gente planta, no que fazemos com as nossas mãos. Lex III: Actioni contrariam semper et aequalem es

Sevilla

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Em Novembro. Imagem: Juan Dapena Parilla .

Perdas, Danos & Cronos

Esta semana eu quebrei dois copos de vinho, uma cremeira, e meu coração. Tentei não me cortar com os cacos dos copos, tentei não ficar triste pela cremeira que foi presente da minha mãe. Mas o que eu faço com o coração quebrado? Será que venderiam um substituto no brique? Será que está na garantia? Custaria muito caro consertá-lo? Ontem, meio que às pressas, fiz uma chamada telefônica ao tempo, com o qual tenho linha direta, pelo 1-800. Nem ele pôde responder. Parece que estava ocupado celebrando a Páscoa.

Convenhamos

Me enchi de contentamento quando, ao fazer o post cinza e sem nome abaixo, percebi que ao canto inferior esquerdo da imagem havia um outro pássaro. Distante, mas presente. E que então, dessa maneira, o pássaro que está no centro da foto não estaria sozinho. Ledo engano. Era apenas uma pequena mancha na tela do meu computador.
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Yo te camelo

Para qualquer dia ser assim.

Morning Sun #3

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Edward Hopper, Morning Sun. Sem sol. Estou atrasada, me faltam o casaco, a maquiagem, os sapatos, a vontade, o creme para as mãos, o perfume, as chaves, o resto de café na xícara, a música, a comida. Me faltam o creme dental, comemorar a Páscoa, dissolver o rancor, esquecer. Eu pensei que todos os dias seriam iguais, mas eu os faço insanamente diferentes. Caminho pela praia arrastando os pés na areia para deixar sulcos superficiais e, com isso, deixar um rastro temporário e sutil perto de ti. Chego em casa com o corpo cansado e quente. Foi só aqui que passei a confiar em mim e na liberdade proposta por uma vida diferente. Foi só aqui que entendi as tuas e as minhas fraquezas e que tentei ser outra para não viver uma vida que era tua. Estiveste de novo nos meus sonhos, me dizias o que fazer. As flores estão vivas e vermelhas. Esquilos correm pelo estacionamento. O vento cessou. O silêncio e a calma só não são completos porque deixei o rádio ligado e aqui dentro um turbilhão me indica qu

A Love Supreme

Um dia eu vou abrir um livro e entender os porquês. E das minhas mãos vão sair os mais belos contos e versos e veias e gotas. Não pela tua falta, mas pela tua companhia. E borboletas cor-de-erva mate vão pousar em nossos corpos. E sob a luz do sol, embaixo de uma árvore, talvez na costa oeste, um dos meus dedos vai escorregar pelas tua pálpebra e dizer: ouve meu silêncio, perpetua minha mão na tua, soletra para mim o que eu não entender. Estende, de dentro do que és, as tuas complexidades, teus desejos, ardor, essência. Me faz trilhar o cristal inquieto do teu olhar. Jaz na estante o livro sobre cidades. O livro das casas onde as pessoas se escondem, onde se sentam para discutir as bobagens do dias, os afãs. O livro da vida moderna, cheia de confortos, e vazia. Vazia de pessoas reais. Ou seriam: pessoas reais cheias de vidas vazias? Foi quando reli o e-mail e me recostei no sofá que senti a urgência de contar e escrever. Solitária a jornada de quem reparte pão enquanto todos parecem do
This I Believe.

Entrevista

A entrevista foi para o Miami Herald. Com fotos e tudo.

Tricotando o dia

Manhã super produtiva. Conversa com a terapeuta, troca de figurinhas, muitas risadas, e muita música pelo caminho. Adoro dirigir ao som de boa música, mas acho que está na hora de trocar os alto-falantes do carro. Carta pelo correio do departamento de impostos Americano informando que este ano como incentivo pelo pagamento dos impostos federais receberemos um cheque num valor nada módico. Simplesmente por declararmos renda. Claro que há segunda intenções: fomentar a economia pelo consumo desenfreado. Aceito de bom grado e já tenho planos, mas adianto que o meu cheque terá um destino mais interessante que me levar até um shopping mall. Projetos e projetos se acumulando. Amanhã tenho uma entrevista para um jornal local. A repórter virá até uma das minhas aulas, para me entrevistar e bater fotos. Bacana. Isso significa que mês que vem o número de alunos vai dobrar. Tenho tido uma média de quinze alunos por aula…Mais trabalho para mim. E isso, diga-se de passagem, eu não desprezo. Procuran

Her World

Entre uma das decisões que tomei esta semana, está a de participar de uma noite de poesia. Os dois maiores desafios são: escrever um texto em espanhol e depois lê-lo para um público cujo primeiro idioma é o espanhol. Veremos, veremos. Semana passada recebi um e-mail convidando para um jantar no qual vão ser distribuídos os prêmios pela indicação que recebi há alguns meses para o Who Made Your Day Award. Eu queria mesmo não era prêmio, nem jantar, nem cartão-presente. Eu queria mesmo era ser, de forma mais consistente, como Santiago, que me indicou, me descreveu. Ele me indicou em um dia qualquer de setembro, não lembro como foi que eu o ajudei. Lembro dele por ter sido um dos meus alunos. Um aluno diferente. Radical, idealista, e autêntico. Logo de cara, na primeira aula em que Santiago esteve presente, eu notei que ele era diferente. Que falava logo o que pensava, sem falsos sorrisos, sem se importar com o que os outros iam dizer. Eu queria mesmo era saber que meus alunos se inspiram

Bucay

“Cuando se encuentre en un callejón sin salida, no sea idiota, salga por donde entró”. Em: De La Autoestima Al Egoísmo, página 31. Frase de um humorista argentino, que editava uma revista chamada Tía Vicenta. Terceiro livro de Jorge Bucay que tenho aportunidade de ler. No mínimo, um bom entretenimento para uma noite sossegada. Com boas pitadas de humor e esclarecimentos.

Buenos Aires

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No New York Times .

Sexta

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A trilha de sexta-feira: Children of the Sky . Open Up Your Heart

Antonio

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De onde vem essa ebulição? Tanto fervo que meus olhos marejam. Noite passada, o mar estava calmo. A noite muito escura, o céu vestia dois cachecóis semi-transparentes. Enquanto eu tirava meus sapatos bordados de rosa e me recostava na cadeira, verti um pouco de mim mesma, ali naquele escuro brando e urgente. O corpo sentia um tanto de frio, um tanto de conforto na cadeira fria. A piscina ao fundo jazia, quieta e morna. Queria dezlizar meus pés latejantes pela borda de mármore negro. Mas me molhar antes naquela água que não me pertencia não faz parte. Um estranho me tocou. E minha blusa de seda deslizou em suas mãos invasivas e barbáricas. Um outro estranho invadiu meu território e me afrontou com um olhar de cimento seco e cinza. Era noite e tarde, mas não foi o cansaço que me venceu. Foram as faltas, a vulgaridade, o olhar para o outro. Me sinto invísivel as vezes. Sou como nos sonhos que tinha quando criança. Talvez um dos meus maiores sonhos seja que alguém realmente me veja e não

Partitura

Me pergunto se ele também.

Yo-Yo Ma

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A musician of Many Cultures.

Segunda-feira

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Foi dia de celebrar. Sem parar. Samba & Salsa. Sem fronteiras.

Antonio Carmona viene

Para quem gosta(va) de Ketama: Antonio Carmona em carreira solo. Venenoso.
Parece que sempre falta algo. Ou sobra. O que te arrebata, me faz estar aqui. Todos fogem. Ficam os que precisam.
Whatever our souls are made of, his and mine are the same. Emily Brontë.
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Quando foi que criamos essa idéia de que o passado era tão melhor? Quando foi que estabelecemos que as fotografias antigas que guardavas naquelas caixas perto do roupeiro tinham as respostas? Quando foi que descobrimos, que o passado em seu papel de coadjuvante, arrancaria do presente seu brilho, roubaria a cena e ganharia um Oscar, no papel principal? Quando? Quando foi que eu mesma me deixei ir? Quando foi que descobri que até meus outros textos e retratos seriam tão melhores que os do presente? De onde vem essa idéia sôfrega? De onde vem esse ritmo de ontem? De que material é feito, que dores, que sentimentos causa? Dentro há uma ilusão de que o presente é melhor. Mas não sou dada a viver de ilusões. Não por muito tempo. E o tempo me entrega fatias de felicidade, e certas relíquias que se tornam relíquias por serem justamente fruto do tempo. O que hoje é descontentamento, lágrima, trabalho árduo, amanhã vai ser pequeno desconforto, alegria líquida, construção. Amanhã eu vou ter a co

Encontros

Marta Gomez e meu texto antigo e meu anseio pelo mar: O Mar Que Foi Meu Já fui um mar de espera. E tive também ondas bravias no meu mar. Já fui rochedo e céu que se deita e se abraça no mar. Já fui Pacífico e Atlântico. Maré alta. Ebulição. Já estive Norte e Sul. Já fui oceano de ressaca. Mar de perdição. Fui pirata, escrava vinda de além-mar. Fui o olhar de ondas e o perder corrida para o cansaço na beira do mar. Já fui conchas, golfinhos. Cavalo-marinho. Fui balanço num barco pesqueiro. Fui aldeia de pescadores no sul da Espanha. Fui amor louco e rebelde, amor débil. Paixão de estação. Já fui gritos de "eu te amo" na areia fofa de uma praia distante. Já fui casebre azul e pássaro sobrevoando as lentes de minha câmera. Sob um céu e um sol de vertigem. Sou salina na essência. Minha lágrima, hoje no hemisfério norte, carrega o sal dos mares em que já estive, nos quais já fui. Nov. 30/2005

Achados & Perdidos

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caprichos

Depois de ter aberto a caixa, separou alguns retratos, antigos, amarelecidos, desbotados, amassados. Separou do limbo algumas memórias boas. Fechou a caixa, mas não voltou a lacrá-la. Se pôs a escutar Take Ten , bebeu mais um pouco de, trocou de roupa, sorriu, e voltou a caminhar. Um pássaro imponente sobrevoa o lago cinza e opaco. O sol é tímido, o vento sopra. Escuto um saxofone ao longe como quando, do Instituto de Artes, eu trabalhava mais feliz por ouvir alguém tocando no andar de cima. Imagina seu rosto e suas mãos e queria ver em seus olhos a expressão da música. A música manifestando-se naquela conexão mágica entre leitura, habilidade, sensibilidade e história. O prédio era sombrio. As escadas de pedra fria me pareciam as mesmas que anos antes eu subia com pressa. Toco a água. Arrepia-se meu corpo. Penso na oboísta que tem a minha idade. Sigo adiante ao som de A Time For Love. Esperaste 3 anos para substituir a palavra ilusión por corazón. Eu estudo uma maneira de simplesmente

Aprender e Ensinar

Depois da escola da vida, como diria Dona Lola, a minha escola é a biblioteca.

deixar de ser

Certa vez, um conhecido me disse que era bom demais quando nos perdíamos dentro de um livro e em nosso próprio idioma. E agora eu reformulo: melhor ainda quando se está escrevendo e se descobre que se pode deixar de lado, talvez um pouco, o ônus de ser nesse preciso instante e singrar. Como se fosse aquele um habitat natural. Crio lapsos de tempo. Existe o tempo em que não existo, no qual não escrevo. E existe o tempo em que me debruço num estado silencioso que está cheio de vozes e assim escrevo. Assim, quase ausente e já ausente, suspiro pela entrega.

Domingo

Um domingo para sorrir e sentar perto de um rio. Uma estrada para caminhar de pés nus, pisando cascalhos e folhas e areias distantes de tudo que já fomos um dia. Um domingo de alegria, não uma alegria vazia. Uma alegria mais que contemplativa, mais que carregada de riso bobo, de não-palavras. Um D omingo sem erros ortográficos, cartas na manga, respostas prontas. Um domingo sem prisões, e sem artifícios. Um domingo sem guerras e sem cansaços. Um domingo sem carros, sem tormentas. Um domingo sem preços e sem prateleiras de supermercado. Um domingo sem desculpas, sem recados em secretárias eletrônicas. Um domingo sem lágrimas, sem mãos gélidas e lábios ressecados. Um domingo sem fotos não-inéditas, sem rimas, sem temores. Um domigo sem falar de economia, sem julgar, sem respirar o ar que não é, que não é meu. Um domingo sem restrições, sem perguntas insolentes, sem sorrisos falsos. Sem vertigens, sem tristeza, sem distância. Um domingo sem artimanhas, jeitinhos, camuflagens. Sem aluguel,
Miro la luna y pienso en ti. Bacilos.