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Showing posts from September, 2006

Esquecimentos

Eu esqueço as chaves, o crachá, o cartão de crédito na loja do café, esqueço o horário de trabalho, esqueço que me disseste que vais ficar, esqueço que tenho que ir, que tenho que esquecer, esqueço que não vou mais escrever num blog, esqueço que vou passar frio, que ela vai me visitar, esqueço de apagar as velas antes de dormir, esqueço que tenho que justificar meu voto no domingo, esqueço o leite no fogo, esqueço as boas maneiras com usuários chatos, esqueço de divulgar meus projetos. Esqueço que voltei cedo para casa para ver um filme e dormir. Esqueço que sou borboleta e volto para o casulo.

A caixa

Pandora's Box

Codinome

Codinome Beija-Flor Eu protegi teu nome Por amor Em um codinome Beija-Flor Não responda nunca Meu amor Pra qualquer um na rua Beija-Flor Eu te amo.

Unicidades

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Eu estou cansada de fazer pelos outros mais do que eles merecem. E nem é por esperar recompensa, é por sofrer com as decepções e com o ruir de sonhos possíveis. Lendo The Language of God . Pena que não venha com um manual, nem que fosse bem básico, de como aprender as primeiras palavras para me comunicar com Ele. Poderia trazer um vocabulário mínimo de palavrões também, juro que não seria demais. Intuição e pensamentos recorrentes são a mesma coisa? E quando se tornam realidade quer dizer que era um profecia que se realizou? Incrível como se percebe a influência dos pais nas crianças que vão à biblioteca. Pais agressivos geralmente têm filhos agressivos. Pais calmos, filhos calmos. Impressiona. Este não é um blog para falar de coisas que possam ser entendidas. Nem do cotidiano. Não é para ser coerente. O blog é apenas um papel de pão (copyleft da ex-companheira megera Ro), bonitinho, com facilidades proporcionadas pela web e suas ferramentas. Se fosse para fazer sentido, eu iria escrev

Play With Me

Come with me .

Volver

Em Los Angeles a vida era mais atribulada, mais barulhenta. Russos, asiáticos e mexicanos por todos os lados. Os apartamentos eram menores, mais caros e com menos área verde no condomínio, embora a natureza exuberante das montanhas ficasse a poucas quadras do edifício. Cheguei a fazer aulas de Yoga no parque que havia ao lado de Hollywood Hills a dois quarteirões de casa (parei pelo simples fato de que Yoga me faz ficar muito sonolenta. Uma vez peguei no sono na aula - sim, sei que deves estar rindo). A biblioteca do bairro ficava quase ao lado do apartamento. Meu restaurante indiano favorito, idem. E embora eu tente não ficar comparando Los Angeles a esta micro cidade, é difícil esquecer de tantas coisas bacanas que ficavam ao alcance em Hollywood. Eventos que estavam ali, acontecendo com tanta regularidade e de formas variadas, com gente interessante e eclética circulando por todos os lados. O que eu mais gostava eram os cinemas. Festivais de cinema, eventos relacionados a cinema, fi

Rayuela

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Dia 30 de Novembro. Te espero para discutir Rayuela. Servirei café para tornar o ambiente mais portenho. E te esperarei sorrindo, iluminando as ruas, como se estivéssemos em Paris.

Violeta

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Pensa nele. Abre o closet, e o corpo quer toque de seda. A pele recende a perfume, ainda meio úmida, envolta na toalha. Com a mão direita segura o que agora lhe reveste o corpo, e com a esquerda sente as roupas, uma ao lado da outra, com suas histórias de dias que foram plácidos, desérticos, alheios, diferentes da realidade imaginada de agora. A mão vai deslizando, como se tocasse o corpo dele, descobrindo caminhos, criando rotas, explorando grutas que estão cheias de pedras preciosas e água cristalina. Volta ao closet, escolhe a roupa que fica mais próxima de si. A seda mostra e esconde, toca e se ausenta. O bege e o branco não combinam necessariamente, mas renda e seda são um par e tanto. A renda vai revestir a pele durante o dia, e ela vai pensar que são as mãos dele, marcando território, em seus quadris, em suas costas, nos lugares secretos em que ela se deixa ser renda. E então ela escolhe uma calça preta que se move quando ela anda. Para esquerda, para a direita, ao ritmo de

Links

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Nas dunas

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Foram tão lentas, tão doloridas as imagens. Havia um tanto de mim ali. Um tanto do tempo em que a areia vinha do sul em rajadas feitas sob medida, para assolar minha pele. Era um tempo de desassossego e partidas. Houve tanto num tempo em que sabíamos da ausência, mas nos deixamos pesar um sobre o outro. Foi de seca que sobrevivemos. Numa areia que invadia as nossas casas, o nosso existir. Foi na areia que nos afundávamos e que sentíamos o calor sob os pés nus. Era de lá que fugíamos ou tentávamos. Vivemos sempre perto de dunas. Casa de Areia.

Pontes

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a ponte parti-cio-nada. é duas é e uma. íntegra, interage, interfere. abrindo caminhos intempestiva Gricel. Imagem: Arkadiy Kolin.

Jacob Boehme

"Também os anjos não vêem as trevas porque sua visão é uma orgulhosa luz da força divina, e a visão dos demônios é uma vã obscuridade da coléra divina" Em: O Êxtase da Imagem, de Arthur Omar.

Hello Hemingway

A biblioteca está vazia, então aproveito para escrever. Mostrei para meus alunos um trecho, em cd, do clássico do Hemingway, O Velho e o Mar. Lembro que foi o primeiro livro que tentei ler em inglês quando mudei para cá. Ouvi-lo esta manhã me fez pensar que fiquei mais que mil dias em alto-mar, esperando, e que voltei tantas vezes, como o Velho, de mãos vazias. Houve vezes em que fui o Velho, e outras em que fui Santiago, companhia do silêncio, expectativa rala. Muitas vezes era um disfarce, uma mentira, uma face nova. Todos os dias eram elos disformes, que eu amontoava num canto. Para tentar. E das mãos partiram os sinais para um nunca. Um nunca mais.

Perdas

Perdi meu pai... Perdi meu pai, minha mãe. Estou só, ninguém me escuta, senão quando querem dar os restos que ninguém quer. Pobre de pobre, só tenho os restos que ninguém quer. Ruy Cinatti

Na mira

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Agarrei no ar... Agarrei no ar um véu esmaecido de azul, igual ao azul do céu iluminado pela lua. Eu passo a vida a sonhar iluminado pela lua. Ruy Cinatti Imagem: Matisse, O Atirador de Facas

Entrega

amo (a forma dos) teus sonhos. imagens que me cercam, sem que eu esteja. amo que penses em mim, e que contornes meu ser. Distante. amo, estar na neblina dos teus dias, e nas formas de tuas mãos. amo ser quase um presente, eubiose, com meus olhos, com minhas palavras e imagens. Me desfaço da aridez, aporto, lúdica e sedenta. Em perdição, num cais, flores brotam.cintilas. estou em ti.

Marcas

Negue

Viajantes

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Honfleur, France. Viajante ao som de Come Away With Me . A imagem foi fisgada do Google.

Uma noite em Hollywood

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Morávamos em um apartamento cujas paredes eram róseas e ásperas ao toque de minhas mãos pequenas, trêmulas e tímidas. Era uma unidade no andar térreo, perto da piscina, em frente a uma árvore. Perto de dois vãos que eram contáveis. Os outros não o eram. Era perto de onde os esquilos vinham bebericar água, e os pássaros juntar apetrechos que só eles, pássaros, em sua atarefada urdidura de ser, carregam de lá para cá e daqui para lá. Era pela janela da sala que entrava o sol da manhã. Na cozinha longa, branca, e morna, eu esquentava um café para garantir que o dia transcorresse - dentro da normalidade possível. Foi de lá que caminhei até o Hollywood Bowl , em Los Angeles, muitas vezes. Era naquela cozinha e naquele apartamento que me apertava, que me sufocava, que eu aprontava minhas sacolas e, com meu agasalho ia me encontrar com a música. Foi lá que ouvi a Diva de Pés Descalços , ao vivo, pela primeira e única vez. Foi só e com as músicas dela que me senti em casa. Sob estrelas e sem i

Beijólatra

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Exilados

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A todos que sentem-se exilados. No amor, na vida. Num canto do mundo. Em uma cidade que desconhecemos, mas que nos faz mensageiros. Exils .

Happy Venice

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Um dia vou chegar até Veneza. Te encontrar. Vou correr, corar. Um dia, vou ser plena e plana. De novo. Nova. Jovem. Eu mesma. Mosaico, rosa, régia. Rodopiar, aérea, quase efêmera. Só. Para perdurar as sensações. Um dia serei desígnio, insistência, deixarei de ser projeto. Um dia vou chegar até Veneza, cálida e fresca, para dizer que parti, que revirei dois mundos, me acabei e me refiz. Um dia, irei a Veneza para aprender amor. Escapar de nada, esfiapar brancos e azuis. Em Veneza, vou inventar filmes, sumir do mapa, tecer rastros e matizes. N’água.

Possibilidade

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Amo por que dentre todas as possibilidades e verbos este é o que mais colore os dias e, mesmo quando estou preto e branco, amo para continuar viva. O não-amor, o não-amor é estar morto sem saber-se. Entre as chuvas, encontrei esse mini-texto, sem data, não assinado, no Moleskine. A memória se quer cintilante, mas não lembra. Rubra, despe-se, amoressendo os vãos da noite em frestas. Imagem: David Schluss - Riding the Sunset
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Unicidade hoje seria estar em Buenos Aires.

antecipar

antecipei que tu pedirias para eu ficar. que me darias algum sinal que não fosse o fraco pêndulo da desistência. antecipei um choro manso que não houve. antecipei que me comprarias flores e que tirarias minhas malas do corredor. e quem sabe, dobrarias minhas roupas, em ordem cromática, para me dar um sinal. antecipei que me acenarias de longe, na volta para casa, para dizer: espera. atencipei que não me deixarias soluçar a morte lenta de tua despedida. que tu me reencontrarias no café que era de nós dois e me. antecipei que aquela noite, e por todas as noites que viessem depois de nossas pequenas tragédias, serias meu, como nenhum outro. e que não tinha me enganado ao ser eu mesma, por ti. Como se bastasse ser eu mesma por alguém. Antecipei aos poucos que um dia partirias, e por não ter força para te ver morrer em meus braços, lentamente, como que sugada pela corrosão dos dias, antecipei a despedida.

Hopper em Si Bemol

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Ela sabia o quanto era daninha a luz do sol em um quarto vazio. Acordar, virar para o lado e perceber a ausência. Ao mesmo tempo, entender que o vazio era parte da escolha, e que as faltas se sustentariam a si mesmas, entre seus braços, e no que ela tocasse. Embora se soubesse responsável, a espera áspera continuava ali, monstro emergente, no sol de Hopper. Sempre havia sido assim. Interlocutores, gentes conhecidas, familiares... não escutavam o que ela dizia. Não havia alguém para abraçar e apenas. Ela tinha apenas que negar para que não fossem embora também os que ainda demonstravam um interesse gélido. Uma simpatia pálida. Naquela manhã, se deixara ficar na cama mais um pouco, coberta de sol. Os amanheceres, depois de amar sozinha, eram sempre mobiliados de uma torrente de pensamentos vãos. Lá embaixo havia o movimento – ainda que fugaz. Em seu quarto apenas pensamentos esparsos. Um sol caótico em cinza si bemol. Imagem: The Morning Sun by Edward Hopper

Mae West

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I'm no model lady. A model's just an imitation of the real thing. Imagem de Salvador Dalí.

Coragem

Nas minhas seis aquisições de hoje na Barnes and Noble , encontrei um ótimo dicionário de história das palavras. São listados vinte mil verbetes ao todo, nos mais variados ramos do conhecimento. Nas primeiras páginas, o autor comenta um pouco sobre a língua inglesa e sua história. Segundo ele, o inglês é parte germânico (soma do inglês antigo e escandinavo), parte românico (francês e latim), constituindo-se numa tremenda mistura e incorporando, por empréstimos, vocábulos do holandês, italiano, espanhol, alemão, árabe e tantos outros idiomas. Entre tanta riqueza meus olhos se distraem da história do idioma em si, e viajam até as cidades pelas quais seus homens passaram. As batalhas que tiveram que lutar, as suas dificuldades, e intempéries de todos os tipos que, possivelmente, sem poder de escolha (no sentido que conhecemos hoje), foram obrigados a enfrentar. Entre a neblina dessas batalhas imaginadas, dessas dores que foram perscrutadas por palavras, abro meu dicionário e escolho o ver

Voz Celestial

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Soy Pescador Ora voy a comenzar a ver si puedo o no puedo, a ver si puedo cantar o a medio verso me quedo, Soy pescador vivo en el mar ando en busca de un amor que no lo puedo encontrar. A la mar fui por naranja cosa que la mar no tiene el que vive de esperanza la esperanza lo mantiene. Dicen que la mar es grande agua de todos los ríos donde se van a juntar tus amores con los mios

For Fun

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vamos pendurar lanternas feitas de papel de seda no quarto e falar bobagem, degustar vinho. deixar os cálices na mesinha próxima, contar segredos mais de uma vez, balbuciar poemas bobos antes de dormir para dizer boa noite. vamos nos cobrir na rede, esconder as ampulhetas da casa, acender velas aromáticas, ver o sol nascer.
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Untitled, (Double Self Portrait, Incubus), graphite on paper, de Christina Pettersson Os desenhos te trazem. Minimizam a espera, rabiscam o vazio. Se me desenho, absorta, uma outra, é por saber que te tenho, em algum lugar que ainda não conheço, mas que me permite sonhar.

White Chocolate Mocha

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Para o Mr. Caffeine um obrigada com sabor de white chocolate mocha.

O apelo de amar

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Faz como o mar. Vem para mim e segura minhas mãos e me embala. Canta para mim. Me mostra e me desvenda. Deixa eu olhar nos teus olhos, mergulhando no teu mundo, escrevendo cartas para ti. Povoa meus lábios de sal. De mini asas -- para que eu possa voar ao lembrar de ti. Para que eu seja leve. E tenha sempre um sonho bom com o qual navegar. Um sonho de a-mar . Imagem de Jim Dine
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Alphonse Mucha, Les Saisons

Reza

Nossa Senhora do Santo Moleskine, dai-me inspiração para unicidadezar o mundo blogueiro.

Unicidade

[verbete] Datação1858 cf. MS6 Acepções ■ substantivo feminino qualidade ou estado de ser único; singularidade Ex.: Etimologia: único + -i- + -dade; ver un(i)-; f.hist. 1858 unicidáde