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Showing posts from August, 2007

Standing Still

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Imagem: In the Mood for Love, Kar Wai Wong .

Da tristeza que viste em meus olhos

Não, eu nunca soube muito bem o que eu queria para mim. Mas sempre soube as coisas que não cabiam, e sempre tive muito claro o que eu não queria. Ainda tenho. Falta agora estabelecer novos objetivos. Está faltando foco. Não tenho o menor respeito por homem que não é elegante. Não confio em homem mulherengo, ou que acha que qualquer rabo de saia vale uma cantada. Homem babão me dá asco. Não gosto de homem que diz uma coisa e faz outra, que não é íntegro. Homem que é cagão também não dá. Acho que o mesmo vale para mulheres, mas as mulheres não me ferem. Detesto piadas de mau gosto. Acho que sim existem limites. Chega de ser mártir. Chega de achar que eu posso abraçar o mundo. Há coisas em mim que não quero mudar. E eu não acredito que as pessoas mudem por causa de outras pessoas. A gente pode mudar algumas coisas, mas tem outras que só podem ser mudadas por um tempo determinado. Ou podem ser escondidas, dissimuladas, refreadas, mas no fundo estão ali, fazendo com que o ar fique tenso, --

Mergulhada

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Phuck. Ao cubo.

Closer

Alice : Where is this love? I can't see it, I can't touch it. I can't feel it. I can hear it. I can hear some words, but I can't do anything with your easy words.

Nota

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Já não imagino minha vida sem ti, Nota. Que sempre estejas feliz e alegre, cheia de vida, e que comemoremos muitos aniversários teus juntas, como irmãs (escolhidas) que somos. Que saibamos compartilhar e caminhar juntas, todos os dias. Te adoro. Yo más.

Sem rumo

Revi a senhora do livro que eu disse que não tinha gostado. Ela concordou comigo. Parece que ganhei sua simpatia, mas não sei até que ponto isso é bom. Vai que ela tenha o gosto estragado e fique me pedindo para recomendar livros das Roberts and Steel que existem por aí. Melhor eu correr antes que seja tarde demais. Chegou até minhas mãos nesta manhã um livro espetacular sobre arte islâmica em Granada. Incrível. E dizer que ontem eu estive olhando os preços de uma viagem para a Espanha. Final de verão, o trabalho lento. As escolas reabrem dia 20. Ai de mim. Venho me prometendo estudar pontuação já faz alguns anos. Mas não se engane, você que não lê este blog, alguns erros são propositais. Outros nem tanto, mas eu acho que ninguém quer saber qual é qual. Acho que se um dia eu tiver filhos, não vou querer que ninguém cuide deles por mim. Nem mesmo as bibliotecárias de uma simpática biblioteca da vizinhança. Vamos comemorar um ano de Papo Afiado no dia 7 de setembro. E eu me pergunto até

Outonos

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Tua essência de pintar para mim com cores que ainda não conheço. Teus sentidos todos evocados por uma de mim que não está coberta por um véu e que teus olhos não alcançam. Faço de mim uma sombra clara como a nesga de luz que entra pela janela do apartamento tranqüilo numa manhã de outono. São só os outonos que trazem sossego. Os outros trazem martírio. Imagem: Max Ernst, The Invisible Piano.

Pantanoso

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Eu também não vi nada.

Espelho

Acordo com um “Bom Dia” entusiasmado e melódico. Me distraio olhando as nuvens e descobrindo que sim, estou só e que não há problema nisso. E o silêncio da casa palpita estrelas e estradas. Ao olhar as nuvens me dou conta que eu queria sentir o cheiro do dia dele. E lembro do céu de lá tão vividamente que é como se nunca o tivesse deixado. Disfarço a melancolia, e saio. De que adianta saber que o sol também brilha para ti, se as nossas sensações estão afastadas por uma quantidade consistente de milhas(?) Definitivamente eu falo grego. Aliás tem sido uma semana cheia de definitivamentes. O que (talvez) prove que eu não sou tão cética quanto pareço. Ou talvez uma coisa não tenha nada a ver com a outra. A vista da minha janela é um lago calmo no qual de vez em quando se pod ever o reflexo das nuvens. Se sopra o vento, o lago se enerva. Sua pele se arrepia como a minha quando imagino teu toque. Virou moda comemorar dias banais. Eu não tenho muita paciência para dia disso, dia daquilo, mas

Imagens

O cheiro do Café Paris ainda exalava na memória da sala. Ela se olhava no espelho enquanto caminhava em direção ao banheiro. Queria tempo para si, embora no caminho tenha encontrado um homem sorridente e vago que lhe disse o quanto era bonita. Levava o cabelo solto, perfumado, e o corpo de amar só. No espelho antigo, de moldura escura, segurando uma xícara fumegante de café quase puro, ele a fitava. Queria estar a sós com ela. E parecia estar. Seu olhar era tão intenso que o desnudava. E era a dor que ela sentia que a fazia tão intrigante. E era aquela dor de amar só que ele queria curar. Ela sai do banheiro, percorre o Café, desvia das pessoas, evita o contato, se livra do olhar dele e cruza a rua. Do outro lado, embaçada de solidão, não amarga, apenas vazia, se senta. Cruza as pernas, cerra as mãos, deixa o sol trazer-lhe o calor do não-amor. Abre a bolsa, metódica, e espera. O abraço que não vem. Ela tinha já tantos lutos para viver, que mesmo que ele a abraçasse anos a fio, nada da

My life on hold

What do I want?

Na vida

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Ela discordava dele, mas a forma com que ele falava não lhe permitia interrompê-lo. Ela discorda dele. Ela ainda acha que o filme é sobre relacionamentos. As pessoas quando se encontram não têm necessariamente as mesmas expectativas. Talvez nem tenham expectativas. Nem sempre as pessoas sabem o que querem. Nem sempre o encontro é promessa. Há pessoas que não tomam decisões num piscar de olhos. Há outras que decidem fechando os olhos para o que virá depois. Hedonistas? Há pessoas que decidem pensando em si mesmas, há pessoas que decidem pensando nos outros. Há pessoas que não decidem. O que acontece é que todos são julgados por suas escolhas e todos pagam um preço. O ato de dizer não também tem seu preço e tem seu motivo. En La Cama é, embora eu ainda não o tenha assistido, um filme sobre um casal que se encontra numa festa e passa a noite juntos. Na cama, dividem mais do que sexo, revelam-se, exploram-se, conhecem-se. Uma relação momentânea de prazer físico intenso e breve. O que acon

A guria

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Uma das minhas atribuições como bibliotecária é me familiarizar com as aquisições que a biblioteca recebe do departamento de compra. Em vários sistemas de bibliotecas daqui é comum que as compras sejam centralizadas. Em Happyland não é diferente: um departamento define e determina baseado, entre outras coisas, em estudos de comunidade, quais os títulos que as bibliotecas receberão. Tenho o privilégio de trabalhar em uma comunidade que inclui hispânicos, brasileiros, e americanos. Por isso nossa coleção inclui títulos nos três idiomas e por isso também que tive que desenferrujar meu espanhol quando comecei a trabalhar aqui. Português é bem verdade falo pouco no trabalho, mas de vez em quando tenho a oportunidade. Acho que o livro que mais me marcou entre tantos que já passaram pelas minhas mãos, e que infelizmente (e isso eu sempre me cobro muito) não ficou muito tempo comigo foi Los Niños Tontos de Ana Maria Matute . Eu o li até a metade, como acontece comigo quase sempre. Vai longe

Paris, apagada

Desca(n)so Eu vejo a frenética movimentação dos carros na I-595 e me pergunto: para quê? Algumas vezes é só descaso meu com a vida. Eu deveria sentar e escrever um post decente, mas ando ocupada deixando o fogo aceso. Tudo é de propósito, menos a falta de fé. Muitas coisas são desculpáveis. Mas muito poucas a gente consegue esquecer. Muitos dias depois de eu ter ligado para a psicóloga, ela me liga. O que me faz continuar com este blog? O layout precisa ser mudado, links adicionados. O conteúdo dos posts têm que ser alterados e a lista segue infinita. Quanto mais eu tento me descobrir para mim mesma, para saber para onde estou conduzindo as minhas naus, mais me afundo em perguntas e em pensamentos recorrentes, inúteis que aumentam a sensação de perda e o vazio. Seguro meu sobrinho no colo, e sinto seus esforços para me tocar. Me emociono ao ver que ele se esforça para me pedir que eu lhe proteja, que eu lhe dê carinho. Me faz sentir forte e me faz sentir que já estamos conectados. Quan

Mornings

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Imagem: Hopper, Cape Cod Morning. Porque queria estar te olhando, agora.

as paisagens da alma

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Não insista, não estou interessada, não quero saber, não gosto, não me importa, não faz diferença. Definitivamente tudo é uma questão de percepção. Definitivamente preciso aumentar o número de visitas a minha analista. Definitivamente preciso voltar a estudar e a fazer exercício. Mesmo não querendo as flores, ele as deixou sobre a mesa e saiu. Não me disse adeus. Agora que vejo as malas prontas, agora que sei que vais partir e é concreto, percebo. Antes eu acreditava no amor, mas agora acredito na solidão. Acordo muito cedo, ainda está escuro na rua, ainda pode-se ver estrelas, ainda posso ir ver o sol nascer, e reverbera um título para alguma coisa que não sei se é um poema, um conto, um livro, um nada: porque não entro mais no cio. Volto a dormir e com dificuldade tento não lembrar a noite anterior. Um quadro de Chagall se transformando em um quadro de Hopper. Iberê na ponta da língua. E minha língua tem um gosto de café e pão, e desejo silente. Vou tentar organizar uma mostra de art

ser feito

és feito se(r) não dessa imagem mínima e amarela és feito se(r) não de uma frágil estrutura de pó, poesia, e pontos na pele rósea pedras, feitos se(r) não memória imaginação e se soubesses que cabes muito bem nessa poeira estranha, nesse conjunto de braços, calor, verde, som, e entrega, neste pocinho tão raso e frágil onde ossos se encontram e dos quais um perfume único é exalado. E se soubesses que reinvento os sentidos toscos do dia-a-dia para estar etérea e tua, não num vilarejo mesquinho que se apodera de ações e desejos, mas numa aldeia que liberta como um quadro de Chagall, ou como o que não pode ser nomeado ou entendido.