Rosas, luas, ventos

Mono.

Me dou conta que nem dormindo eu paro de pensar. Deve ser por isso que sempre estou cansada.

As semanas têm sido intensas, insólitas, insolúveis. Entre o trabalho em casa de remover papel de parede, revestir, lixar, pintar e etc. uma visitinha a sala de emergência, mas é só a vida me dizendo que ainda estou aqui. É assim.

Volta e meia esbarro com títulos de livros que quero incluir no post sobre títulos que me chamam a atenção, mas que certamente eu não leria. Tenho que carregar o Moleskine e começar a compilar.

Quando mudei para a Flórida tinha tantas expectativas. Lembro do dia ensolarado da mudança, eu subindo as escadas quase correndo com caixas, pacotes e pedaços da minha vida de Los Angeles. De alguma forma era uma volta ao ninho proposto. Era na Flórida que nossa vida começaria, quatro anos antes. Nosso plano foi adiado. Muitas idas e vindas depois, estávamos voltando ao recomeço. Na Flórida, pensava eu, tudo seria melhor e diferente. Se Los Angeles era o problema, já não haveria mais problema. Eu só não sabia que trazia na bagagem uma pessoa mais forte, mais firme. Eu não sabia que dali em diante nos dissolveríamos.

Ontem chegou o cheque do reembolso do depósito por termos sido inquilinos excelentes. Fui uma inquilina perfeitamente infeliz. Dos dois anos que morei lá pouco se aproveitou. Vou guardar para mim a lista de agruras.

O conselheiro recomendou não me envolver com ninguém por pelo menos um ano. Para ter tempo de fechar as portas que ficaram abertas por Mr. M. Ou melhor, as portas que eu deixei abertas. Noite passada ele me cobriu e queria me carregar para a cama, já que eu peguei no sono na varanda. Como pode alguém que foi tanto, agora ser apenas mágoa. Parece que vai demorar tanto para eu deixar de estar ressentida, mas também pode ser que a ausência me ensine, me mostre. Me cure do que já não existe.

Tenho beijo e girassóis, rosas e chuva nas paredes do meu quarto. Tenho sonhos e cetim. Tenho livros e fotos. Tenho o sol pela manhã e um pouco de lua no vento brusco da noite perto do lago. Tenho a mim e me sustento na ilusão. Luto por um sonho. E lamento que ela não esteja aqui para ver o que estou fazendo. E na arena dos talvez, talvez seja melhor assim. Já que um dia ela me disse que eu não jogasse “tudo para o alto”. Mal sabia ela que o tudo já não estava lá, que o tudo se desfez muito antes. Que o tudo era uma miragem.

Terceira semana de Junho. Duas pequenas cirurgias. Mais cicatrizes, mais dor. E a esperança por um fio.

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