Paris, apagada

Desca(n)so

Eu vejo a frenética movimentação dos carros na I-595 e me pergunto: para quê?

Algumas vezes é só descaso meu com a vida.

Eu deveria sentar e escrever um post decente, mas ando ocupada deixando o fogo aceso.

Tudo é de propósito, menos a falta de fé.

Muitas coisas são desculpáveis. Mas muito poucas a gente consegue esquecer.

Muitos dias depois de eu ter ligado para a psicóloga, ela me liga.

O que me faz continuar com este blog? O layout precisa ser mudado, links adicionados. O conteúdo dos posts têm que ser alterados e a lista segue infinita.

Quanto mais eu tento me descobrir para mim mesma, para saber para onde estou conduzindo as minhas naus, mais me afundo em perguntas e em pensamentos recorrentes, inúteis que aumentam a sensação de perda e o vazio.

Seguro meu sobrinho no colo, e sinto seus esforços para me tocar. Me emociono ao ver que ele se esforça para me pedir que eu lhe proteja, que eu lhe dê carinho. Me faz sentir forte e me faz sentir que já estamos conectados. Quando ele me olha, eu ensurdeço para o mundo.

A Sr. Dona Dinorá (pseudônimo para uma de minhas alunas), parece simplificar tudo. Ela e seu silêncio são meus alunos favoritos. Ao longo do tempo, eu desenvolvi por ela o mesmo carinho que tinha por uma tia emprestada. Um carinho tão comedido e doce que aquece minhas mãos. Sr. Dona Dinorá é formal. Se veste com roupas que ela mesma costura e ajeita. Sempre sorri e não fala mal de ninguém. Ela não quer os que os outros têm, nem o que outros querem. Gostaria de saber se existe algo que ela realmente queira, com ganas, sem limites, com toda a febre que é possível querer.

É verdade, mãe. Não existe.

Paris, apagada.

Certa feita uma cartomante me disse que eu me exponho demais. Ela tem razão. Falo demais pelos anos em que era muda. Falo demais pelos segredos que queriam sair por aí, nus, longe de mim. Falo demais por saber como é ser prisioneira de minhas próprias verdades.

Numa das minhas aulas, tem uma garota bonita, alta, esbelta, que tem a minha idade. Uma criatura tão doce, tão sorridente. Mãe de uma menina de dois anos. Tento, sem muito sucesso e muito na superfície, me colocar no lugar dela. Como estaria eu hoje, se tivesse uma filha, fosse/estivesse casada, se estivesse aprendendo inglês e morasse nesta cidade perdida, na qual a melhor diversão é a biblioteca? Eu me pergunto, como seria não me exigir tanto e não tentar sempre ser a melhor. Como seria?

Cada vez que eu te leio, leio teu passado, engasgo. Cada vez que eu vejo tudo o que vês, eu me pergunto, como é que é possível ver coisas tão distintas?

Adicional e sem acento: egoismo? Me mostra onde esta.

Estou em busca de não controlar? Mas como é possível, e talvez aí resida o meu maior paradoxo existencial. Como não controlar, se o que eu desejo não existe e eu não quero o que não é como eu quero que seja????

Sim, eu sei. Confuso.

Vou trabalhar que é melhor.

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