Quotidiana

Querido Leitor,

Por aqui vai tudo bem. Tudo é relativo e bem tão volátil que tenho que ser rápida. Vou tentar dividir minha vida por capítulos, sem ser piegas. Profissionalmente está tudo estável. Vou te poupar das minúcias. Digamos que estou naquele estágio de espera, em que a gente sabe que algo tem que ser feito, mas ainda não está hora. É o momento em que vejo minha presa, a observo, sei de suas fraquezas e me ponho a mentalmente organizar o melhor plano de ataque. Desculpe pela analogia de um animal selvagem. Estou lendo Life of Pi. Daí a influência. Viste como é? Eu te disse. Por isso não quero ler. Quando não tenho a impressão de que me roubam as idéias, tenho a impressão que estou regurgitando o que alguém já escreveu. E depois nem eu vou acreditar em minhas idéias.

Como a idéia que eu tinha ou a sensação descrita por Ben Folds Five de não permanecer neste planeta por muito tempo. A idéia, essa sensação é minha. Tenho testemunhas.

Não é que eu saiba exatamente pontuar meus textos. Não sei. Escrevo como falo. Posso te dizer que escrevo assim por hábito. Ou por simplesmente não saber pausar. Estou aprendendo, é difícil. Tome nota: isso se aplica a vários aspectos da minha existência. Já fui mais assim, mas nada que a experiência não possa aprimorar.

Minha vida doméstica também está bem, obrigada. Ou seja, tenho descoberto pequenos prazeres como entrar em minha casa e sentir-me bem. Gostar do que vejo. Ter desenvolvido, com o tempo, um apreço especial por um lugar imperfeito que está melhorando aos poucos graças a minha dedicação. No começo era um amor de novidade. Cada manhã uma sensação nova pore star em um lugar estranho, novo, grande, meu. Com o passar dos dias a familiaridade com o novo espaço foi criando um elo entre nós dois, o território e eu. Estou tão territorial hoje, pareço Piscine. Incrível. Estou falando como um personagem de um livro. Logo eu!

Vida amorosa…Uhm vamos pular este capítulo, mas posso adiantar que continuo mais perto. Isso me parece um bom sinal. Mas acho que estou lendo os sinais sem ter aprendido o alfabeto desse idioma inventado sabe-se lá por quem.

Há um tanto de mim que vê outros capítulos, tira conclusões, encontra pessoas legais e se relaciona com o mundo. Poucos esperam para ler os capítulos mais importantes. Acho que foi por isso que aprendi a dizer não. E a me esquivar.

Poderia te contar das minúcias do cotidiano. Que saí para dançar, que estou explorando o mundo da espiritualidade, que estou lendo, escrevendo, e continuo a caminhar. A esta altura, prezado leitor que está até agora comigo, isto é bastante. Coleciono cicatrizes, mas não estou só. Me sinto só. Mas tenho a ilusão de que estar só é um investimento em mim mesma. Assim, abro meu livro e registro: a busca de sentido e significados é a minha jornada. Certos momentos vão morrendo e dão lugar a novas vidas. E eu vou desenhando, tirando tudo do lugar, costurando agora o futuro.

Queria também que soubesses que ontem, pela primeira vez, vi um arco-íris completo. Foi uma experiência fantástica.

Saudações,

Italian Ladybug

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