Tecer

Tu sabes onde estás? Me doeu deixar-te ir, me disseste eu te escrevo e te foste, com passos rápidos e determinados. Me disseste que a culpa era tua, que eu não me preocupasse, como se isso te isentasse. Foi fácil para ti escapar mais uma vez. Imagino que tenhas feito isso toda tua vida. Mas tenho cá para mim, que quando se escapa é justamente porque se necessita um motivo para ir. Ou seja, não se queria ficar. Quem quer ficar encontra desculpas e razões para pespontar com linha e agulha o tecido nobre de uma união. Quem quer ficar acha que costurar é melhor, embora exija mais tempo, trabalho, esforço do que comprar uma roupa feita com trabalho escravo que vem da China.

Eu acredito no trabalho, no que a gente cria com as mãos. Talvez seja porque, e eu adoro encontrar explicações num monólogo mental ininterrupto, foi das mãos da minha vó materna que aprendi a importância que reside no que a gente planta, no que fazemos com as nossas mãos.

Lex III: Actioni contrariam semper et aequalem esse reactionem: sine corporum duorum actiones in se mutuo semper esse aequales et in partes contrarias dirigi.

As minhas mãos tecem e inventam. E as tuas?

Tu pespontavas de homem liberto, positivo e sábio. E fugiste como uma meninote pego de surpresa fazendo algo que não deve.

Cedo ou tarde Newton te faz uma visita.

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