Japanese fall


Que mais posso fazer para me manter viva, lúcida? Me exponho, me critico, me arrumo, me toco. Penso. Penso mal por pensar de forma desordenada. Viva significa sentir, sofrer, amar. E tanto mais. Carece listar? Creio que nem seja importante. Cada um tem seu relicário. Andar por esse mundo afora sem isso me faria padecer muito mais.

Sofro caos dentro da aurora. Um pouco de sangue no rasgado laranja do sol se abrindo no céu. Uma pele de veludo na minha. E amanhece.

What was I thinking? Was I out of my mind? Could an Epicurean be happy living with a Stoic?

Escrevo como são paridos os pensamentos. Quando são gerados em inglês os escrevo assim. Se brotam em português sigo essa sina. Os pensamentos me comandam.

Uma redoma, esta cidade. Faz um frio intenso. As luzes estão acesas. Corro riscos.

Aos poucos, construo um santuário. Uma aldeia. Um forte. Assim inicia-se o primeiro capítulo, ou quase assim. Daquele livro sobre o qual te falei uma vez: A Cidade Na História, de Lewis Mumford.

Meu corpo vibra. Talvez seja o frio, esse pulsar constante. A vontade de chorar, vertigem de pensar em algo bonito. Muitas luzes piscam, meus olhos ardem. Ao longe, muitos barcos. Mas o que sempre resta é meu corpo, de costas para as ilusões. Sempre querendo. E tu não sabes, mas me encontro. E sei.

William Blake ressoa aqui dentro. E urge em mim ser um abandono, uma nota musical, talvez algo que nem encontre por aqui. Perguntas que te assombram. O azul dos teus olhos na fogueira do meu tato. Para expandir o mundo, reconhecer.

Imagem: William Merritt Chase, Back of a Nude. (1888). Do Google.

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