Resting

Recolhida dentro de um túnel, eu te espreito. Agora. Por ser agora o melhor presente que eu mesma posso me dar. Me seguras com tua mão e me fazes girar lentamente, como quem chora ainda a perda de um amor antigo. Estou mudando a vida de lugar. Dando prioridade ao ato de caminhar, as vertigens de viver a céu aberto. A alegria, eu bem sei, vem e vai, como uma parte do mar. Mas pelo menos meus passos são firmes, tento a autenticidade, não minto. Te tenho como uma verdade que um dia foste. Relativa como todas as outras. E quando te disse que te amava, quis recuperar naqueles segundos slides de uma vida que já passou. E daquela sala distante, me vi no espelho: séria e lânguida. Dizendo-te o que foste. Recortando o passado dilacerante dos meus mapas. Para ganhar o mundo dos espelhos de rio.

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