Fluid Grace

Enchanted Beach with 3 Fluid Graces, Salvador Dali.
Image taken from here.
Já não consigo lembrar meus sonhos. Tudo muito misturado, confuso. Sei que estás porque te senti presente. Como quando, antes de dormir, senti tua presença e me pus a chorar. Senti de novo teus lábios, teus abraços e lembrei de tua voz. Lembrei de como me saudavas. E depois pensei que foi uma pena que fizesses tudo aquilo apenas por saber que era o que esperava de ti. E doeu muito sentir-te ausente. Não poder ligar, nem dizer-te que estava ali. Chorando desamparada, com todas as possibilidades de ser feliz ao teu lado, mas deixando-te ser e ir.
Reescrevo. Parece que não há conexão entre meu corpo, minha mente e meu coração. Para me defender, desliguei essas partes de mim, eu as desconectei. Para me defender da dor. Para apequenar as perdas. Para não chorar mais por um tempo que não vai voltar. A vida é tão complexa. A gente deixa escapar um grande amor e anos depois se vê sentindo falta. Pensando. Entendendo que já não dói e que foi melhor assim.
E porque foste um grande amor? Porquê havia em tuas mãos um mundo de possibilidades. E havia em teus beijos um mundo maior que o que eu havia sonhado. E em teu corpo sentia vibrar todos meus poros. E tuas músicas eram meu refúgio. E tua pele, a seda mais fina. Tu me fazes falta como me fazem falta os entardeceres, as cores, e a música de Porto Alegre. Como me faz falta o querido, o ausente, o infinitamente íntimo.
Como aquele cheiro morno de primavera no sul do Brasil. Como me faz falta sentir o vento e o frio. E aquela umidade cinza que encobre a cidade num dia de inverno. Tu me fazes falta como as coisas que eram parte de um lar. Uma idéia que reverbera aqui dentro e que, enquanto idéia, é plena.

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