E se a vida for apenas sonho?

E foi então que ontem eu tive mais uma consulta com a nova psicóloga. Ontem, eu que vinha me arrastando para sair da cama e vir ao trabalho. Eu que estava saindo para me divertir e acabava voltando para casa pensando bobagens. Passando pela mente os mesmos filmes bobos que não levam a lugar algum.
Tem muita coisa que não conto mais no blog. Muitos dias e noites de alegria e também de sofrimento. Assim é a vida. Ninguém consegue ser Rachel Ray na vida real. A menos que tome umas boletas azuis – ou seja lá a cor das tais boletas.
De fato me pergunto e me respondo pouco a pouco: me envolvo sempre com pessoas não disponíveis. Estou fazendo progresso. Já sei qual é o problema: eu não estou disponível. Sei que uma das razões é que eu não quero me entregar e me frustrar. É muito mais fácil se eu for a que der o fora.
Passados esses altos e baixos, ou no meio dos mesmos, estou terminando meu livro sobre amores fracassados e estou sofrendo as perdas. Acho que está caindo a ficha. Meu ex-marido está na cidade. Meu velho amigo de quase quatro anos está em Porto Rico, meu ex-namorado me ligou, me escreveu e me aporrinhou. Meu ex-quase-amigo de tango me chamou de imbecil. Ou algo equivalente. Sei lá…vai traduzir.
No lado positivo, a análise vai bem. Pelo menos eu consigo me expressar. Ontem estava de folga e fiz o que me deu na telha. Coisas mundanas, coisas banais, coisas necessárias. Ainda dói. Não é estar só que dói. É a decepção comigo mesma. Tive tempo para descansar, para ler, para cozinhar, limpar a casa, conversar no computador e ao telefone com amigos. Fiz compras, pagamentos, ajeitei as contas. Me assustei com os gastos.
Fiz um teste on-line para ver se clareava minhas idéias com relação ao que quero fazer profissionalmente. O ponto de partida? Mais grana. O resultado do teste de aptidão mostrou tino para os negócios. Business. Mas eu ainda estou de olho no curso de fashion design. Poderia eu fazer os dois? Como vou fazer tudo isso é a grande questão. Quero ter grana para viajar: aos lugares que EU quero conhecer. Quero me aventurar. Quero conhecer os recantos e as pessoas que estão ao mesmo tempo que eu, experimentando a vida, mas de forma distinta, remota, abstrata.
Também ontem, encontrei umas estações de rádio novas. Comecei a explorar o lounge music. E que aventura… Uma rádio alemã tem uma programação espetacular. Também ouvi blues e foi mais música de fundo que qualquer outra coisa. Acho jazz tão mais harmônico, tão mais puro. Estou pouco a pouco voltando a explorar o mundo que me fascina. Livros e música e a vida doméstica que pode ser relaxante, aconchegante e feliz. Simples e boa, como chuva no rosto que a gente recebe de bom grado.

Quanto ao tango, preciso de um tempo. Preciso esquecer o quanto fui feliz entregue. Entregue demais. E entre comidinhas e frutas e chás, eu me encolhi numa cama imensa e dormi o sono dos justos: um dia de cada vez. É bom estar contente, ainda que coisas tenham que ser feitas e coragem se necessite para acordar bem-disposta no dia seguinte.

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