multitudes


Renasço no sexo explosivo e vermelho. Nas mãos que rápidas e atentas me querem. Renasço em forma de outra coisa, qualquer, assintomática, perene. Renasço nos teus braços que eu pensava mortos. Beijo e te embalo como se tu fosses vida em si. Escrevo isto as pressas. Pois estou renascendo e renascer exige de mim todo um ritual, todo um esforço. Renascer cansa. Mas também compensa. Renasço em teu sorriso e em nossas discussões acaloradas. Renasço e quero mostrar-te também o que há de velho em mim. Aquelas calosidades na alma de quem foi ferido e quer sarar. Renasço também para ser uma mais leve e tua. Tento eliminar o que antes me afogou. E sou deserto. E tenho minhas incertezas como uma forma de bengala que me ajudar a ir em frente. Desconfio um pouco dessa loucura de nossa entrega. Que apressada me revela tudo que fomos e o que nunca poderíamos ter sido. Nossa morte me ajudou a me refazer esta que agora urge em ti e em teu corpo. Somos como um caleidoscópio voador. E mergulhamos. Tento entender tuas mensagens de de-s-amor. Como sabermos quando somos amados? Ou quando não? E me diz então, se podes: podemos ser felizes na incerteza de não sabermo-nos amante ou amado? Pode-se ser feliz numa torrente de corpos que viajam e se encontram como nunca antes? Podemos ser apenas esse vermelho de noites insistenstes e quentes? Que mais queres de mim, se não te dou minhas almas, essas mulheres que criam e voam dentro de mim? Te perguntar agora seria uma afronta. Te renegar seria como desistir. Estou em um dilema: não sei exatamente o que sinto. Nosso passado me assombra.

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