Mordiendo la Realidad

Dos Fracasos
Me sorprendí cuando te hallé como un dolor, sin palabras, la voz mareada de copas se me anudó en la garganta. Quise gritar, pero pa' qué si al fin yo estoy igual. Sueños que gastamos conversando cuando nos hablábamos de amor. Horas que ya están en el olvido, sensación de haber perdido la esperanza en el adiós. Rabia de sabernos tan cambiados, miedo de gritar esta verdad. Somos dos fracasos que se amaron y partieron y olvidaron y hoy se miran asombrados de morder la realidad. Vuelve otra vez a tu rincón que yo me voy con los años. Ya llueve plata en mis sienes y hay un dolor en tus manos. Pa' qué llorar todo el ayer si ya no puede ser. Click here to listen to the song.
Inevitavelmente te encontro em tangos como este. Em cada palavra um sopro. Homero Exposito falou de nosso amor-ilusão. Divagamos não só na casa e na cama. Divagamos quando nossas vidas se cruzaram e pensamos que poderíamos ser algo menos ordinário que os amores passados. Mas que seria que nos faria menos ordinário? O tempo em que ficaríamos juntos? Tua poesia magnética, teu perfume? Nossas mãos buscando? Mergulho no tango e te lembro cada vez mais. Mordo, sim, a realidade. E choro todas as noites deitada, na mesma cama que compartilhávamos. Não entendo porque me fazes falta. Da primeira vez que te deixei ir, na manhã de um sábado ensolarado, fechei a porta e me fechei para ti. Ouvia, resoluta e absorta, todos os meus nãos para ti ressoando. Compassos martelando o mesmo conceito. Dentro de mim eram certeiros, firmes, irrevogáveis esses nãos de cores indefinidas, e no apartamento cálido e semi-vazio, eu lutava contra. Agora, depois da segunda vez que te deixei ir, não escuto esses nãos. Escuto, como se fossem um tango, as lembranças do amor, os sorrisos, os tangos mal-dançados, as canções, as cartas que te escrevi, as ilusões, aquele olhar de entrega e aquela noite em que voltei a ser tua. Escuto o amor urgente. Escuto minhas esperas por ti. Vejo aqueles pequenos metros de cimento polido no qual caminhei, segura de mim e bela, para te encontrar. Naquele lugar em que cantamos e nos tocamos de novo. Foi na milonga Factory que te revi e meus olhos se fixaram nos teus. E sorri sem jeito ao nos perguntarem se nos conhecíamos. Eu pensava-sentia que te conhecia. Pouco mais tarde descobri ser este um dos meus muitos enganos. Teus olhos e teus cílios me eram. Aqueles segundos poucos que duram em mim, como um Drexler cantando Doze Segundos de Escuridão, voltam e voltam. Não sei se ver-te é como não ter um farol por doze longos segundos. Mas.
Foi num quarto de hotel no centro de uma cidade laranja e luminosa, perto do mar, numa madrugada quente e abençoada por Baco, que chorei em ti. Encontraste de novo meu sexo e ao encontrar-te, me desarmei: fui para ti toda sim. E são essas memórias que me atormentam, ao mesmo tempo que, como um giro em tango, me tiram da inércia de ser sozinha.

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