Georgia


Georgia O'Keeffe: A Portrait - with Cow Skull, 1931 by Alfred Stieglitz
 
Sou toda H2O por estes dias. Meu corpo sua. Luzes de uma aurora que me traz inquietude e a beleza quase insana de uma manha de maio. Maio. O mes maldito. Repo-u-so. Como foi que me esqueci como escrever? Como se escreve na pele o amor por ti? Ou a falta de? Nunca aprendi a pontuar. Cometo erros de latitude e longitude significantes. Me disseste uma vez que escrevia sobre cores tao desconcertantes como quando te escapava das maos a navalha com a qual fazias, pelas manhas, a barba.

E era assim que eu te queria. Sangrando. Intenso. Quase como um apelo que se faz no desespero escuro das noites dilatadas pelo pesadelo da solidao. E hoje em dia, a solidao ja nao e um problema. Nem uma dor. Meu corpo, massa. Compacta. Estatica. Ruinas de ti. Era no sofa da casa antiga e quase sem mobilia que eu me recostava em ti. E te tirava para dancar ingenuamente acreditando que aquilo nos sustentaria.

E era entao que voltava para ti. Te tomava nos bracos. Me deixava ser tua de novo, e de novo, e de novo. Recriando um ciclo.

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