Tango





Tango – Mañana Zarpa un Barco
Imagem de Paulo J. Ramalho
Texto: Janine Rodrigues

Parece-me que o barco, ao longe, me acena. É cedo. Acordo. O café me espera. Chove. O mar irriquieto me chama. Todos parecem estar. Eu, no entanto, me ausento, para na areia caminhar logo pela manhã. Existe nesse silêncio a verdade abrupta dos sonhos interrompidos. É azul meu sonho. E a foto sucinta exclama vermelho. Não te vejo. Pressinto no entanto de que és feito. Imensidão. Os barcos vão de um lado a outro. Tranquilos. Serenos como o final de uma manhã de sol. Fazia sentido antes dar-te a mão e caminharmos juntos. Mas agora já parece-me que temos que partir. Navegaremos como antes abstraídos do amor, despedidos da delicadeza da música que nos unia. Abri meus braços certa vez e te acolhi. Te beijei em sonho. Te beijei sem permitir-me duvidar que serias meu. E fui vermelha como o azul que só a liberdade sabe ser.

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