Nunca

Nunca pude te dizer onde doía pois nem mesmo eu sabia. Houve uma época na minha vida na qual eu era ouvinte. Houve uma época na minha vida na qual eu escutava e sempre calava. Dificil para mim sustentar-me nesta corda frágil chamada presente. De certa forma o passado sempre parece merecer atenção e carinho. E o futuro parece necessitar esmero e trabalho. Nunca te disse o quanto doía ser estrela cadente.  Não ser a personagem principal. Não ter papel importante, principal na vida de um homem. Em mim sempre houve uma certeza que nasci para amar. Amar a beleza e o que não e solidão. Amar sons, o oceano. Amar o amor, os rios. Os pássaros e o céu. O sol que desperta antes. Para mim sempre foi tudo amor. Pela musica, pelas cores, pelas pessoas. Amor que liberta, que desnorteia. Nunca te disse quais eram os meus medos por sempre ter a impressão de que o cristal se romperia. A dor de saber-me passageira. Sempre a batalha do eu. Um eu que agoniza e desperta todos os dias. Sempre te confessei tantas coisas. e de peito aberto segui pela vida, esperando. E a espera sempre erode. Nunca. Nunca fui apenas tua ouvinte. Tu me ofertavas música. No sentido mais amplo. Mais bonito. Mas a música perdeu o sentido depois de eu ser mais uma vez, cadente. Não sou mais ouvinte. E me arrependo de não ter contado daquela dor no passado, quando era. Quando estava ainda brilhando.

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